terça-feira, outubro 05, 2004

Biografias...

Acabei, recentemente, de ler as biografias de duas rainhas (se bem que uma delas só o tenha sido depois de morrer...) e devo confessar que já tinha saudades deste género de literatura.
Numa primeira leitura, talvez pouco ou nada haja em comum entre Catarina de Médicis, mulher forte que ‘reinou’ em França através do marido e dos três filhos que foram reis e Inês de Castro, mulher que por amor perdeu a vida. Se uma morreu com idade avançada, tendo sobrevivido a oito dos dez filhos, a outra morreu jovem, com três filhos pequenos a assistirem ao seu sacrifício. Se uma encarnou a razão de Estado e a ela submeteu a sua própria fé e até a felicidade da sua prole - entregando os filhos aos casamentos que eram convenientes ao reino - a outra simboliza o amor verdadeiro e inteiro que tudo desafia e que não se amedronta perante as convenções ou a própria razão de Estado que condena o seu amor pelo Infante.
Porém têm as duas algo em comum: o preconceito com que são olhadas e avaliadas pela História, preconceito esse que é comum não apenas a estas duas figuras mas a todas as mulheres que, por uma razão ou outra, se distinguiram e marcaram as suas épocas. Catarina passou à história com o rótulo ‘pomposo’ de envenenadora e assassina. Inês como adúltera. A ambas a História julgou severamente, se bem que Inês, sob a capa do romantismo e lirismo implícito na sua história, acabe por ficar um pouco melhor na ‘fotografia’! Ambos os livros - «Catarina de Médicis», de Jean-François Solnon e «Inês de Castro» de María Pilar Queralt del Hierro - acabam por rasgar mitos e mostrar as facetas mais humanas destas mulheres. Como outros livros que, ao contarem as estórias de outras mulheres procuram mostrar a pessoa para lá da História. Biografias de Cleópatra, Agripina, Isabel I, Maria Stuart, Lucrécia Bórgia, Maria Antonieta ou Vitória comprovam como a verdade é bem menos terrível que as lendas que envolvem estas personagens e que elas não eram tão terríveis ou pecaminosas como os historiadores gostavam de contar!
Esta não é leitura ‘feminista’ destes livros. É a leitura que deles faz uma mulher que, vivendo no século XXI sabe que
, muitas vezes, o sucesso ainda vem sempre acompanhado de um ‘rótulo’ que, na maioria dos casos, não é simpático. Basta olharmos em volta, para os exemplos do nosso quotidiano comprovarem isso mesmo. E é esta maneira de pensar que temos que mudar, para não serem necessárias mais biografias ‘soft’ a limparem a imagem de figuras que a História se encarregou de condenar, sem apelo nem agravo!

3 comentários:

Instantes Perdidos disse...

Mulheres que dominaram homens...

Apesar de ser homem, sei que muitos reis tinham na alcova quem os dominava e quem alterava toda a sum maneira de pensar e de agir.

Porque é que no Xadrez apesar de o Rei ser a peça mais importante, pois sem ele não se joga... mas a peça que mais influência tem no próprio jogo é a Rainha.

Assin: Arthe

LadyFullMoon disse...

Ao longo de toda a História, tivemos vários exemplos de mulheres que foram símbolos de força e de coragem. Mulheres que mudaram e influenciaram o seu tempo e também o curso da própria História. Cabe a nós, mulheres do séc. XXI, não deixar cair no esquecimento essas Mulheres, assim como os seus feitos.

By the way, aconselho-te a biografia da Rainha Dona Amélia, as várias existentes da Rainha Vitória e uma muito especial (depois dou-te os detalhes) de Maria Teresa d'Áustria e da sua filha Maria Antonieta.

Anônimo disse...

Nunca ouviram dizer: "por detras de um grande homem há sempre uma grande mulher?"