quarta-feira, janeiro 19, 2005

Espaço Memória

Ao ler este texto lembrei-me de mim há um ano atrás...
Em Janeiro de 2004, mais propriamente numa sexta-feira (não sei já que dia...) era eu que me debatia com as questões axiológicas do personalismo, da condição ética, dos funcionalismos e das alternativas ao direito... o exame era no sábado e eu, com o meu optimismo e confiança habituais, achei que Filosofia do Direito era uma cadeira chata mas fácil, pelo que um dia dava para ler a sebenta!
Sexta Feira, às nove da manhã, lá estava eu no 2º andar da Biblioteca da Católica (sim, esse mesmo onde está toda a gente que vai para a Biblioteca fazer tudo menos estudar!) pronta para um dia de estudo intensivo. Ainda não tinha acabado a primeira página da sebenta e já tinha visto o filme todo: aquilo era horrível! Pior que o livro encarnado do Bicotte, pior que as sebentas de Romano, pior que as fotocópias do Sendim. Era o verdadeiro pesadelo feito prosa! Não havia uma palavra, uma palavrinha que fosse que se compreendesse! Era uma visita guiada ao Inferno de Dante, e sem musa inspiradora!
Que resolvi eu fazer? Pedir ajuda a colegas mais estudiosos do que eu, que me explicaram o básico... depois, como glosas não faziam o meu género e substâncias alucinogénias também não me pareciam uma solução razoável, decidi rever os meus velhos apontamentos de filosofia e, no exame, 'filosofar' sobre Kant. (Se no exame nacional deu resultado porque não daria agora?)
Foi o que fiz! À condição ética disse nada e aos funcionalismos nada disse. Falei da crítica da razão prática, da vontade, do bem e do livre arbítrio... entrei pelo mundo das ideias e fui ter ao reino dos fins, em que todos os homens são bons em si mesmos e, sendo livres, escolhem sempre o bem. Falei do imperativo categórico e do hipotético, dissertei muito, escrevi páginas infindas e, tudo contado, pouco disse...
No final, dispensei da oral com nota contada... podia ter tentado fazer melhoria, mas não valia a pena o esforço de ter que olhar de novo para aquela sebenta tão 'sebenta'!
E assim foi a minha aventura em Filosofia do Direito, a cadeira que mais detestei no curso inteiro!*





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* qualquer dia falo da que gostei mais!

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