quarta-feira, julho 19, 2006

32 anos depois

Aqui ao lado escrevia assim sobre os 32 anos do CDS:


«Como muito bem lembra o Pedro, o CDS faz hoje 32 anos. Está, por isso, de parabéns, pela data e pelo muito que nestes 32 anos fez pela Democracia e por Portugal. Está de parabéns, sobretudo, pelo sentido de serviço dos seus dirigentes e militantes e pelos vários contributos que deu, ao longo do tempo, para uma melhor governação (quer como protagonista da tarefa executiva, quer como oposição séria, consciente e empenhada).

Mas há o reverso da medalha, infelizmente. Depois do que vi e ouvi ontem, no Conselho Nacional, não posso dizer que está de parabéns um partido quando se torna esquizofrénico, quando se fecha sobre si próprio e sobre questões que só interessam a alguns, quando não apresenta ideias nem soluções, quando não combate o Governo e a esquerda e quando não ganha terreno ao PSD mas perde tempo e energia a lutar contra moinhos de vento. Sobretudo não está de parabéns um partido quando esquece e renega o seu passado mais próximo e trata um ex-presidente, que tanto nos deu a todos, como uma espécie de ser cujo nome não deve ser pronunciado sob pena de sermos todos amaldiçoados pelo fantasma do autocratismo!

Mal vai este partido se continuar assim... e mal vai este país se o CDS não voltar a ser a referência de outros tempos, quando marcava a agenda política, quando combatia o PS e a esquerda, quando lutava pelo que acreditava, quando fazia 'combate cultural' a sério, quando apresentava ideias, alternativas, soluções, quando conquistava o seu espaço e se demarcava dos adversários.

A meu ver, a melhor forma de honrarmos os 32 anos de história do CDS é não obrigarmos o nosso partido a passar por mais Conselhos Nacionais como o de ontem. O partido não merece, os militantes não merecem, a chamada 'oposição interna' não merece, e a própria Direcção já não merece esta longa caminhada no deserto que pode ser estóica, mas não é, certamente, vitoriosa

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