quarta-feira, novembro 05, 2008

Obama


Para além da sua óbvia vitória política, Obama representa uma tremenda vitória dos Estados Unidos no plano internacional: a sua eleição deita, finalmente, por terra o preconceito europeu (sobretudo alimentado pela esquerda) relativamente aos Estados Unidos. Independentemente daquela que vier a ser a sua agenda e as suas políticas, com Obama, a América deixará de ser vista como a terra dos "cowboys" para ser a verdadeira "land of the free", em que o filho de um queniano e de uma americana do Kansas, chega a Presidente. E isto muda o paradigma das relações do mundo com a América. Ainda que, na essência, Obama seja igual aos seus antecessores.

Embora não acredite em homens providenciais nem tenha sido especialmente cativada pelo charme do Senador do Illinois, não tenho qualquer dúvida que com Obama acabam os ataques tacanhos da esquerda atabalhoada aos EUA, sempre pronta a invocar a "estupidez" de Bush (um dia, estou certa, ainda lhe reconhecerão o seu valor como Presidente), o imperialismo americano, o fantasma dos "neo-cons", as teorias da conspiração… Agora essa esquerda que mina a comunicação social e formata o pensamento europeu (politicamente correcto) tem lá o “seu” candidato e, portanto, deixou de ter pretextos para o ataque fácil. Atacar os Estados Unidos deixa, assim, de ser desporto rei porque o "palhaço" de serviço saiu de cena e entrou o "homem providencial".

Acontece, porém, que eu não tenho a mais pequena dúvida que todos aqueles que hoje exultam "os amanhãs que cantam" de Barack Obama irão ter, nos próximos meses, a maior e mais dolorosa das desilusões. O homem providencial será, afinal, igual aos demais. E será, acima de tudo, Americano, para o bom e para o mal. Mais intervencionista ou mais isolacionista, a verdade é que defenderá, sempre, o interesse Americano. No Iraque, no Afeganistão, no Paquistão ou no Irão. Mais liberal ou mais estatista, irá sempre procurar manter os EUA como (um)a grande potência económica. Mais conservador ou mais progressista, terá que equilibrar o interior rural e algo provinciano com a cosmopolita Costa Leste. E, por tudo isto, Obama será, muito possivelmente, uma agradável surpresa para todos nós que não lhe atribuímos qualidades messiânicas nem engolimos o discurso da mudança pela mudança. Porque, on duty, as Commander in Chief, Obama vai governar como qualquer outro que tivesse sido eleito para o cargo. Como diz, e bem, o Tiago Loureiro, Obama será, "na economia, mais liberal do que se pensa. Socialmente, menos estatista do que parece prometer. Nos costumes, mais conservador do que se julga. Na política externa, menos pacifista do que se espera".

E, no final de contas, o que irá, efectivamente, mudar? Talvez a decoração da Casa Branca, se Michelle não gostar da "herança" de Laura!

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