quarta-feira, dezembro 17, 2008

Sarkozy e a Presidência Francesa do Conselho



Quando está prestes a terminar o semestre da Presidência Francesa, Barroso elogia Sarkozy e a sua determinação na prossecução do interesse Europeu, dizendo: “nunca uma Presidência tomou tantas decisões críticas como esta.”. Ao contrário da nossa Presidência, em que tudo correu sobre rodas e até tivemos direito ao brilharete final (um encore desejado, mas que não era garantido) chamado Tratado de Lisboa (não interessa o que veio a seguir, interessa que Sócrates foi o anfitrião da assinatura desse Tratado e a capital portuguesa até o baptizou), a Presidência Francesa não teve rebuçados. Podia ter a sua agenda feita à medida do ego do Presidente Sarkozy, mas a cavalgada internacional sobrepôs-se ao brilhante planeamento do Eliseu e eis que o mestre de cerimónias teve que fazer mais do que encantar os europeus com o seu charme e a sua bonita mulher.

Logo no início do verão a Presidência Francesa foi confrontada com a crise no Cáucaso. A rapidez e coragem europeia (de Sarkozy, nas suas próprias palavras) evitou uma guerra semelhante à dos Balcãs, em 90. Foram visitas à Rússia e à Geórgia e um longo braço de ferro (reconheça-se que protagonizado pelo hiperactivo presidente Francês) com Putin e Medvedev que permitiram que a situação estabilizasse.

Passado o momento de fricção entre Europa e Rússia, eis que cai ao colo da Presidência Francesa a maior crise financeira do século. Não estava na agenda e mais uma vez Sarkozy teve que lidar com ela (aqui com a ajuda preciosa de Brown, que marcou pontos com o seu plano estratégico de recuperação europeia).

A Presidência Francesa teve ainda que desbloquear o impasse provocado pelo "não Irlandês" ao Tratado de Lisboa (e acredito que o Presidente Francês tenha jogado aqui um papel tão determinante como aquele que teve, em Outubro de 2007, na persuasão dos polacos à aceitação de um texto final), e que fazer aprovar o pacote de medidas de combate às alterações climáticas e tocar, por fim, no difícil questão da energia.

A Presidência Francesa não teve, de todo, vida fácil. Não teve, como nós, uma agenda feita à medida da nossa vaidade e cheia de grandes eventos mas pouca acção. Talvez o destino dê aos homens aquilo para que eles estão preparados, ou então os homens fazem o seu destino dando mostras do que são capazes. Comparando as duas presidência, percebemos que Sócrates foi um bom mestre de cerimónias, já Sarkozy demonstrou saber ser líder em tempos difíceis. Diferenças de estilo… ou talvez mais do que isso!

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