segunda-feira, março 14, 2011

Basta!

Sócrates veio à televisão, em horário nobre, com o seu melhor fato comprado em Rodeo Drive, dizer aos Portugueses que tudo irá fazer para defender Portugal de uma possível intervenção externa - leia-se Fundo de Estabilização do Euro e FMI - e que as medidas agora tomadas (o PEC 4) são essenciais para acalmar os mercados e garantir a inviolabilidade nacional face ao bicho mau FMI/FEE. Mais uma vez, quem não está com ele está contra o interesse nacional e tem um pacto com o demónio FMI/FEE.

Pois muito bem, ouvi com atenção o PM e tenho algumas perguntas que gostaria de lhe colocar:

1. Se Portugal hoje corre o risco de ser sujeito - como a Grécia e a Irlanda - a uma  intervenção externa do FMI e do FEE, isso deve-se a quem? Quem foi responsável pelas contas públicas nos últimos 6 anos? Quem é responsável pela estado calamitoso da dívida e do défice?

2. Se em Janeiro havia uma folga, anunciada com pompa e circunstância, nas contas públicas de 800 milhões de euros porque razão são necessários mais 1000 milhões arrecadados pelo PEC 4 só para 2011?

3. O buraco nas contas públicas que, segundo a imprensa alemã, foi encontrado pelo BCE e Comissão é de que dimensão? Qual o verdadeiro valor em causa? É esse buraco que o PEC 4 pretende cobrir? 

4. Como justifica o congelamento de pensões de 246 Euros (sim, 246 euros, essa fortuna!) e se permite avançar, sozinho e teimosamente, com os grandes investimentos públicos que, sozinhos, representam o PEC 1, 2, 3, 4 e mais os que hão-de vir?

5. Se o PEC 1 foi feito para acalmar os mercados. O mesmo acontecendo com o 2 e 3 e a acalmia não aconteceu e os juros continuaram a subir, porque motivo irei acreditar que é desta que acalmam e que a confiança é reposta?


Sócrates tem razão no diagnóstico: o problema de Portugal é um problema de confiança. Mas erra nos pressupostos e nas consequências. É de facto falta de confiança, nele e no Governo dele. Sócrates é hoje o maior factor de desconfiança e de falta de estabilidade. Basta.


Um comentário:

mummy disse...

A maneira como Sócrates enfrenta as circunstâncias da governação seriam de se lhe tirar o chapéu, não se desse o caso de demonstrarem o quão está agarrado ao exercício de um poder que considera absoluto e intocável. Começo a crer que, ou é removido à força, ou é bem capaz de estoirar com a democracia, em nome do interesse nacional.E convencer a UE da legitimidade da coisa.