A Cavaco Silva não terá sido pedido que vencesse a gaguês neste seu discurso de tomada de posse, mas foi pedido que vencesse os seus próprios preconceitos e assumisse uma postura mais interventiva, algo tão difícil para Cavaco como falar fluentemente era para Jorge VI. E, tal como aquele, quando teve que falar à Nação num momento de grande crise - a Guerra contra a Alemanha acabara de ser declarada -, também Cavaco venceu em toda a linha e mostrou ser um líder, ao não esconder a verdade dramática dos números da dívida, do défice, do crescimento e do desemprego, e ao apresentar aquelas que são as suas propostas. Não ouvi, em momento algum, Cavaco dizer que o caminho é fácil. Não o vi a apontar o dedo à Alemanha, à crise internacional, às Agências de Notação ou à Europa. Ouvi, isso sim, um discurso lúcido e uma política de verdade. É disso mesmo que Portugal precisa.
Para quem não viu, e mesmo para quem viu, recomendo que agora leia e guarde para reler mais tarde. Aqui.
3 comentários:
É um grande, excelente discurso, que o país, se não estivesse viciado na medíocre coscuvilhice mediática, só poderia ouvir, ler, interiorizar e guardar, como guia das exigências que deve fazer, daqui para a frente, a quem governe o país. Mas, desde logo (mal)interpretado à medida da conveniência de quem nos desgoverna, o que dele passa para a opinião pública é, uma vez mais, a "leitura" que convém a quem quer manter o país no pântano a que os governos socialistas o conduziram.
Uma nota: vários blogues acompanharam textos sobre o discurso com esta foto de Cavaco com a fisga, o que, na minha opinião, reforça a interpretação simplista e redutora do discurso, constituindo uma forte ajuda à visão distorcida que interessa ao governo fazer passar.
Nota: eu escolhi esta foto por dois motivos (i) está fantástica e (ii) significa apenas que Cavaco acertou, e bem, no alvo.
Não faço, naturalmente, parte de nenhum "complô" do Governo e nem vi outros blogues antes de a usar.
Tentei até uma foto semelhante ao cartaz do filme, com o Cavaco ao microfone, mas não encontrei nenhuma!
A foto está fantástica, até porque mostra um Cavaco distante da pose rígida que lhe é habitual. Não questiono que, para quem interpreta o discurso pelo que nele, efectivamente, se escreve, a foto poderá ser "ilustrativa", o que acontece é que, "cai às mil maravilhas" para quem, a reboque do governo, ou de outras conveniências, quis transformar o que o Presidente disse, não num excelente diagnóstico do estado de catástrofe a que o país tem sido e continua a ser conduzido, mas numa mesquinha e vingativa perseguição de Cavaco ao governo, com objectivos vis de carácter partidário.
Nem preciva explicar, porque sei que essa de a menina fazer parte de qualquer "complot" do governo só poderia ser levada tão a sério como a manifestação da geração à rasca. :))
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