Um mestre do teatro. Um senhor do cinema. Um homem fascinante. Ler a biografia de Burton é entrar numa montanha russa de emoções e de contradições. Burton não é apenas um intérprete das palavras dos outros. É o homem rude que tinha a cultura de um académico. É o mineiro que falava como um rei. É o alcoólico que transformava qualquer texto numa experiência absoluta de dramatização. É o mulherengo que morreu a querer voltar para a mulher com quem partilhou uma das mais fascinantes histórias de amor do século XX. Um homem de contradições e de extremos. Nunca viveu a vida de forma leve e esta também não lhe foi suave. Mas também não foi nunca indiferente à vida e, talvez por isso, deixou uma marca na cultura, no cinema e no teatro. Viveu intensamente e morreu de forma prematura, aos 59 anos.
Richard Burton será sempre mais do que um actor. Era um curioso da vida, do mundo e das pessoas. Um eterno estudioso do ser humano (talvez por isso mesmo tão brilhante como actor) e das suas obras. A sua vastíssima biblioteca é a maior prova da sua ávida ânsia por cultura e era o seu grande orgulho (é famosa a frase "home is where the books are") Acalentava o sonho de um dia ser professor numa universidade e, durante um semestre, em 1970, ensinou Poesia em Oxford (ainda que ele próprio não tivesse qualquer grau académico!). Sonhava, também, ser escritor e os seus diários seriam a base das memórias que não chegou a escrever. Ficam os seus filmes e as suas peças de teatro. As suas cartas e toda a mística em torno de um dos homens mais fascinantes do século XX. Impossível não admirar homens assim.
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