Não sofro de preconceitos ideológicos contra a prestação de serviços por privados. Aliás, se de algum preconceito ideológico sofro é daquele que me leva a acreditar que, tendencialmente, os privados são mais eficazes e mais eficientes, pelo que os prefiro.
Na educação, já aqui dei conta do que penso e da forma como entendo que os privados podem e devem ser integrados na rede do serviço público de educação. Assim sendo, por princípio, nada tenho contra os contratos de associação (contratos através dos quais o Estado paga a privados para estes prestarem um serviço público que o Estado (administração educativa) não pode - ou não quer - prestar). Parece, até, que, em muitos casos, os contratos de associação saem mais baratos ao Estado do que a escola dita pública. Só por isso já seria positivo que existissem e que se multiplicassem.
Porém, a história não é assim tão simples. Afinal, em Portugal, nada é assim tão simples.
Hoje, através desta notícia do Público ficamos a saber que: "O Grupo GPS, criado em 2003, é liderado pelo ex-deputado socialista António Calvete e tem contado com a colaboração de figuras de destaque tanto do PS, como do PSD: Foram seus consultores o deputado socialista e antigo secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro; o deputado do PSD e ex-secretário de Estado da Educação, José Canavarro; Paulo Pereira Coelho, ex-secretário de Estado da Administração Local do PSD. Também trabalham para o grupo os ex-directores regionais de Educação de Lisboa e do Centros, respectivamente José Almeida e Linhares de Castro. No desempenho dos seus cargos oficiais, José Canavarro e José Almeida tiveram um papel central na aprovação, em 2005, de contratos de financiamento público a quatro colégios do grupo – Rainha Dona Leonor e Frei Cristóvão, no concelho das Caldas da Rainha, e Miramar e Santo André, em Mafra. Nas Caldas da Rainha aqueles colégios continuam a ter financiamento do Estado apesar das escolas públicas existentes terem muitas vagas para oferecer, uma situação que tem sido contestada por professores e directores destes estabelecimentos."
Ora, uma realidade que poderia ser boa e vantajosa em si mesma (para o Estado, para as famílias e para os alunos), acaba por se tornar um negócio de contornos pouco claros em que, mais uma vez, a promiscuidade entre os "privados" e o poder político, no mínimo, cria uma imagem de pouca seriedade.
E em política já todos sabemos que à mulher de César não basta ser séria. É preciso parecer.
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