Pese embora reze a história familiar que comecei a andar no dia
em que uma TV a cores chegou lá em casa, a verdade é que também sempre
ouvi que, desde pequena, nunca achei especial graça à televisão.
Lembro-me, porém, de ficar fascinada a ver a mira
técnica (acho que acompanhada de música clássica, mas não posso garantir) e de
pouca atenção prestar aos desenhos animados. Curiosamente, até hoje a mira
técnica é uma imagem que me fascina. Talvez porque representa a tecnologia que permite
que um pequeno aparelho nos traga som, imagem e cor, o que é algo de
absolutamente fabuloso. Uma tecnologia que nos permite estar em “directo” com o
resto do mundo e receber informação, entretenimento e cultura em tempo real é
algo com que os nossos bisavós poderiam apenas sonhar (e com certeza tanto
sonharam que fizeram do sonho uma realidade). E o que fizemos nós com ela? Transformámos
esta extraordinária invenção humana em lixo.
Para mim, a televisão (no que ela hoje significa, com os
seus talk shows, reality shows e todos os demais shows que não têm ponta de
interesse ou graça) só pode estar desligada e mantida assim. Ver alguns dos
programas que preenchem os mil canais com que os mais completos pacotes de TV
nos brindam é uma espécie de tortura (sei bem do que falo, já que fui “submetida”
a cerca de duas horas de visionamento difuso da Casa dos Segredos na passagem
de ano).
Por isso, a minha televisão continua desliga da corrente à espera que
eu lhe arranje uma entrada USB, a qual abrirá a porta às minhas séries e aos
meus filmes, vistos quando e como eu quero, sem interrupções para publicidade
de produtos que eu não quero comprar ou de programas que eu não quero ver. Para
ser perfeito, era só conseguir ter uma mira técnica no final da “minha”
emissão, acompanhada de boa música!
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