Ainda a propósito de liberdade e manipulação, um bom exemplo é o que, na semana passada, foi dito, escrito e desenhado contra Nuno Melo a propósito do voto numa Resolução sobre salvamento no Mediterrâneo.
Para qualquer um minimamente informado e de boa fé, é evidente que havia (como apenas poderia haver) no Parlamento Europeu um consenso sobre a necessidade de salvar quem corre o risco de se afogar na travessia do Mediterrâneo. Tanto assim é que à votação estiveram 4 Resoluções sobre o tema.
Onde não há consenso é a montante e a jusante. Por exemplo, o que fazer e que apoios dar aos países de origem; como distinguir refugiados de migrantes económicos (não para recusar ajuda a uns, obviamente, mas para determinar o seu estatuto posteriormente ao salvamento); que controlo e segurança de fronteiras ter; como tratar e que poderes atribuir às ONGs; o que fazer às redes de tráfico de seres humanos a operar nestas rotas; etc.
Todas estas questões são debatíveis e para todas elas haverá respostas diferentes à esquerda e à direita. Mas onde não há divergência nem resposta diferente é na vontade de salvar todos quantos estiverem em risco de morrer afogados no Mediterrâneo.
Dizer o contrário é simplificar e moldar a verdade para obter ganhos políticos imediatos. E isso é populismo. O mesmo populismo que tantos dizem combater, enquanto fazem exactamente o mesmo.
Pela dignidade, paciência e pedagogia que o Nuno Melo demonstrou ao lidar com esta questão o meu voto de Maio já valeu a pena. Não sei é se vale a pena fazer política de forma séria e empenhada para ser enxovalhado desta forma. E por isso, também pela resiliência devemos agradecer ao Nuno Melo e a todos os que se sujeitam a ser assim tratados.
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