A Inês Teotónio Pereira, que muito gosto de ler e com quem regra geral, concordo, já por várias vezes falou dos CNE's, que são os candidatos não elegíveis, e geralmente fá-lo com acutilância e muita piada!
Para vos dizer a verdade, verdadinha, não é coisa apelativa essa de ser CNE, mas eles são precisos... tal como os tapa-buracos da CML!
Por isso aqui vai o elogio aos CNE's, feito por alguém que não é CNE!
Os CNE's são precisos! Isto porque um partido como a Nova Democracia (que tem uns míseros 1,3% dos votos!) tem que apresentar tantos candidatos a deputados (eu sei que ler ND e deputado na mesma frase parece anedota, mas não é!) como o PSD! O que quer dizer que, já que as listas da ND são listas exclusivamente compostas por CNE's, não deveriam sequer existir! Assim se demonstra que os CNE's são elementos primordiais de qualquer lista. Tão mais importantes quanto mais pequeno o partido! Sem eles não há Lista!
Os CNE's matam-se a trabalhar pelo lugar. Os coitadinhos até têm a estafa de ir à junta tratar da papelada, aturar as senhoras da secretaria que em geral são umas chatas de primeira (!), esgatanharem o colega do lado para ganharem o 34 invés do 35 lugar (grande diferença esta!)... e no fim são tratados como algo dispensável? Não pode ser!!!!!
Os CNE's são patriotas! Porque? Porque mesmo sem a perspectiva de serem eleitos aceitam entrar na lista e dar o corpo ao manifesto. Como, perguntarão vocês, e eu respondo: pedindo os dias de férias concedidos pela lei aos candidatos e pondo no currículo (a bold e sublinhado): candidato à Assembleia da República como 8º suplente da Lista de Lisboa. Fazer campanha???? Não! P'ra quê??? Estão lá os Jotas (espécie hierarquicamente inferior a CNE!) que servem para isso mesmo!
Os CNE's são o verdadeiro animal político! Isto porque só a miragem de proximidade do poder (tipo nuvem de Juno) fá-los sentirem-se grandes, poderosos... discutem o seu 45º lugar com a mesma paixão que defenderiam o 1º e usam todos os meios ao seu alcanse para o conquistarem! São verdadeiros Maquiaveizinhos de bairro!
Posto isto, e feito o elogio ao CNE típico, cabe dizer que há CNE's atípicos, como alguns que eu até conheço, e que só o são por contingências da vida. Estão-se nas tintas para isso e duvido que ponham tal brilhante 'achievement' nos seus currículos. Mas, como diria o outro, Noblesse Oblige e como tal, lá avançam eles para a sua CNEsísse quase forçada com sentido de serviço e humildade!
Conclusão, eu continuo na minha, e recorrendo à sempre útil sabedoria popular, digo: quando se joga, não é a feijões!
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