domingo, janeiro 23, 2005

O principezinho Nazi



O Prince Harry, terceiro na linha de sucessão ao trono de Inglaterra, achou por bem ir a uma festa mascarado de oficial das SS, o que causou, com muita razão, uma polémica imensa no país de Sua Majestade.
Nós já sabíamos que o rapaz gostava de beber uns copos, agredir jornalistas e fumar charros. Pode não ser o melhor currículo para um príncipe, mas são coisas compreensíveis. Mas vestir-se de Nazi?????? Por favor, isso demonstra, uma total ignorância da história recente da Europa, um completo desprezo pelo papel desempenhado pela bisavó (a rainha-mãe) e pela avó (Elizabeth II) durante a Guerra de Inglaterra, um total desrespeito pelas vítimas do Nazismo, tanto aqueles que pereceram nos campos de extermínio como os que lutaram contra Hitler, entre eles milhares de ingleses e uma gritante falta de patriotismo!
Entretanto parece que o rapaz já veio pedir desculpa pelo acontecido, dizendo que não pretendia ofender ninguém... pois, com isso não melhora muito a situação, na medida em que só demonstra como é imbecil!
Como castigo, o pai do principesinho já lhe prometeu uma viagem a Auschwitz, acompanhado pelo irmão, o herdeiro William que também estava na festa e terá sido'cúmplice' da infeliz escolha do irmão. Pode ser que assim os dois rapazes percebam a gravidade de usar uma faixa com a suástica atada ao braço!

É com exemplos destes que as monarquias cavam a sua própria sepultura, o que é pena!

Um comentário:

crack disse...

Nest post, o que me parece verdadeiramente importante é a conclusão sobre as consequências que atitudes destas têm para as monarquias.
Independentemente do que se propõe fazer o real papá, constatamos que as desculpas serão sempre desculpas de mau pagador, melhor dizendo, apresentam-se porque se impõem, dados o real estatuto do jovem Harry e a dimensão política que o assunto tomou. Na verdade, não interessam nada, pois ele continuará a pensar o que pensa sobre o assunto, com viagem a Auschwitz, ou não.
Contudo, neste caso parece que não importará tanto desculpabilizar, ou acusar, um jovem rebelde sem causa, quer porque as circunstâncias, pesadas, da sua vida pessoal, são suficientes para abalar qualquer um, quer porque a família em que se enquadra tem condições, e obrigações acrescidas, para poder combater, eficazmente, essas tão adversas circunstâncias. Nesta fase dos acontecimentos, serão, portanto, dificilmente rebatíveis os argumentos que se utilizem para defender qualquer posição que se tome sobre a despropositada escolha da fatiota do jovem.
Este lamentável episódio, somado a muitos outros tristes episódios com que, nas diferentes monarquias, os rebentos reais, e a prole destes, têm vindo a surpreender os respectivos súbditos e o mundo consumidor de notícias da realeza, vem alimentar o debate sobre a capacidade que as actuais famílias reais têm para o cumprimento dos seus deveres, no estricto e rigoroso sentido do que é a realeza.
Efectivamente, as profundas mudanças sociais e culturais que o mundo sofreu no século XX, décadas de pressão social e de conveniência política para aproximar a realeza do povo, as pressões e atracções da vida moderna, o papel dos media, os casamentos fora dos circuitos da nobreza, tudo contribuiu para que cada família real não seja hoje isso mesmo - uma família que sabe que serve o bem público enquanto família, que se assume como paradigma e guardiã de valores morais e éticos, que «transporta» a tradição e assegura a continuidade, sabendo que lhe compete estar, em termos de modernidade, dois passos atrás da sociedade da qual deverá ser o garante de estabilidade. Discrição, mistério e distância, suficientemente caldeados de subtil atenção, respeito e afectividade definem a «postura» que qualquer família real deveria cultivar, ou, pelo menos, ser capaz de deixar transparecer na sua actuação pública. Hoje são raras as que o fazem, no afã de se tornarem uma família como as outras, com os mesmos defeitos e virtudes, em que cada um dos seus membros faz uso público e publicitado do seu direito «à normalidade», no que é, genericamente, um incumprimento dos seus deveres .
É por isto que, cada vez mais, nos perguntamos para que precisamos destas familías reais modernas, que, por serem tão modernas, já deixaram de ser, na sua essência, reais.