domingo, fevereiro 19, 2006

Um ano depois

Foi há um ano que Paulo Portas anunciou a sua demissão, depois de serem conhecidos os resultados das legislativas de 20 de Fevereiro. Mais do que uma decisão política, julgo que foi uma decisão essencialmente pessoal que respeito mas que lamento. E lamento-a hoje como há um ano, porque considero que Paulo Portas ainda tinha muito para nos dar, a todos, a Portugal e ao CDS! (E ainda vai dar, tenho a certeza!)

Foi há um ano que escrevi um post sobre Paulo Portas, no qual, de uma forma muito pessoal e algo emotiva, falei da experiência que tive ao trabalhar com ele e ao ser militante do CDS durante a sua liderança. Passado um ano, como é natural, não escreverei um texto tão emocionado mas mantenho muito do que disse à época.

Politicamente, e sem querer estar a fazer qualquer comparação com a actual liderança do CDS, tenho, como militante, saudades do estilo e da presença de Paulo Portas. Sinto que faz falta, no momento que vivemos, a acutilância e forma convicta e eficaz com que Paulo Portas fazia oposição e se batia pelas suas convicções e ideias.

Não escondo que foi Paulo Portas que me trouxe para o CDS e que foi sob a sua liderança que comecei a ter uma participação política activa. Não escondo, também, que Paulo Portas é para mim uma referência e uma inspiração no que à forma de fazer política diz respeito. Por isso tenho muita pena que a sua acção, embora continue a ser brilhante - como vimos, por exemplo, na sua comunicação sobre a Constituição - , seja neste momento tão discreta!

Mas para mim Paulo Portas é mais do que uma referência política que está lá no pedestal. Foi com Paulo Portas e com a sua equipa - com a qual tive o privilégio de colaborar durante mais de dois anos - que aprendi muita coisa, mas sobretudo uma que com o passar do tempo faz cada vez mais sentido: trabalhar não é dever nem obrigação. É uma entrega diária a um projecto no qual acreditamos e pelo qual damos o melhor de nós e superamos os nossos limites, a cada dia. Só assim vale a pena e só assim sentimos realmente alguma gratificação. E nos dois anos em que trabalhei com Paulo Portas, enquanto Ministro de Estado, foi assim.

E era assim não apenas porque o trabalho era interessante e o projecto o maior desafio que alguém pode ter - PORTUGAL! Foi assim porque havia um líder que motivava, que chamava a atenção, que reconhecia o mérito, que era exigentíssimo e queria sempre tudo feito da melhor maneira possível e no qual todos nos revíamos e pelo qual dávamos o melhor que éramos capazes!

Por tudo isto acho, cada vez mais, que o dia de hoje deve ser recordado como aquele em que, como disse na altura, a má moeda afastou a boa!

Um comentário:

crack disse...

A moeda tem duas faces. A face Santana representava a má moeda. Foi afastada, em boa hora. Todas as decisões têm custos. Portas será, para si, um preço demasiado alto. Azar o dele e dos que nele acreditavam, que fosse, tão só, uma figura secundária.