O caso BPN começou por ser um caso de polícia, já que o que ali estava em causa era um crime. Já todos sabem isso e todos os relatórios que vêm a público concluem pelo mesmo. Mas, apesar disso, os milhões somam-se e o contribuinte continua a pagar. Agora, ao que parece, a nacionalização que seria a custo 0 pode, afinal, vir a custar "6509 milhões de euros, mais juros e contingências". A quem? Aos contribuintes, sem que tenham sido estes os responsáveis quer pela administração ruinosa do BPN, quer pela ausência de supervisão do que lá se passava.
Recorde-se que o BPN foi nacionalizado, pelo Governo Sócrates, em 2009 depois de, no ano anterior, ter sido detectado um buraco financeiro de 800 milhões de Euros. Lembro-me de ter ouvido, à data, tanto o PSD como o CDS alertarem para o risco da nacionalização e para os encargos que tal iria representar. Mas avançou o PS sozinho e a CGD (sempre a CGD) ficou responsável pela gestão do Banco até à sua reprivatização. De caminho, a CGD injectou no BPN cinco mil milhões de euros [para cobrir o buraco financeiro entretanto detectado] até ao início de 2011, a título de empréstimos.
Desde 2009 o buraco agravou-se e os milhões foram-se somando. Quando finalmente se conseguiu reprivatizar o BPN, ele só rendeu ao Estado 40 milhões de euros (é permitido rir).
Agora, conclui a Comissão de Inquérito que "poderia ter sido outro o desfecho do caso BPN, não fosse o desnorte estratégico do accionista Estado ao longo de dois anos e meio, que conduziu à perda de valor do banco e a uma gestão sem horizonte de médio prazo". Ou seja, são os contribuintes que estão a pagar aquilo que deveria, em primeira linha, ter sido assumido pelos accionistas e depositantes do BPN.
A minha pergunta agora é só uma: porque se nacionalizou o BPN em primeiro lugar, quem lucrou com isso e o que aconteceu a todos os envolvidos na fraude que esteve na origem da nacionalização (e cujos nomes, ao que parece, aparecem nas conclusões da Comissão de Inquérito).
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