Ninguém nos disse que viver era fácil. Ninguém nos prometeu que amar era simples. Ninguém nos deu um manual de instruções para lidarmos com os nossos sentimentos. Ninguém nos garantiu que a felicidade estava ao virar da esquina e que chegava sem sofrimento.
Mas também ninguém nos disse que era impossível ser feliz. Ninguém nos disse que era impossível mudar. Ninguém nos disse que era impossível aprender a amar. Ninguém nos disse que era impossível voltarmo-nos a levantar.
A vida é feita de momentos e é vivida passo a passo. Se calhar é mesmo uma questão de tentativa e erro, isto de viver. Errar e acertar. Magoar e ser perdoado. Ser magoado e perdoar. Desiludir e reinventar a ilusão. Ninguém nasceu ensinado e ninguém sabe tudo.
Se calhar somos todos folhas em branco, nas quais a vida vai escrevendo. Nuns escreve mais, mais cedo. Noutros escreve menos, mais tarde. Noutros ainda, escreve menos, mas mais cedo, noutros escreve mais, mas mais tarde. Mas, a pouco e pouco, todos vamos tendo a oportunidade de preencher essas folhas em branco, página a página. E quanto mais andamos, quanto mais preenchemos essas folhas, mais sentimos a angústia das que estão por preencher. Do que há, ainda, por aprender. Do que há, ainda, por viver.
Mas se calhar é mesmo só por isso que vale a pena continuar. Se calhar é a angústia do que está por escrever e não a certeza do que deixámos lá atrás, que nos faz desejar viver no presente tudo aquilo que deixámos escapar no passado. Porque errar todos erramos, mas é pelo erros que cometemos, e que não queremos voltar a cometer, pelo que desaproveitámos e não queremos voltar a desaproveitar, pelo que não vivemos e que queremos agora viver intensamente, que o mistério da vida continuamente se renova e vale sempre a pena.
E se a vida é um círculo permanente em que se alternam os opostos (bem-mal; alegria-sofrimento; justiça-injustiça) então há sempre a esperança da evolução pessoal de quem errando, aprende. De quem perdendo, avança. De quem sofrendo, melhora. De quem quebrando, renasce.
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