quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Meghan Markle e a Liberdade de expressão

Desde que se tornou Duquesa de Sussex, Meghan Markle tem vindo a perder, de forma crescente, a popularidade inicial, a alimentar inúmeras polémicas e um conjunto fiel de detratores. Há quem critique a sua forma de vestir e a sua forma de estar. Há quem não perdoe cada um dos seus faux pas e que chame a atenção para cada uma das vezes em que a Duquesa quebra o protocolo real, seja por não usar meias ou por pintar as unhas de escuro. Há quem critique as suas escolhas de “charities” e quem considere que as suas opiniões políticas (como a defesa do aborto) deveriam ficar apenas para si. Há os que apontam o dedo à sua equipa de PR sediada no Canadá e os que insistem num suposto mal-estar entre Duquesas, havendo até quem jure que Meghan Markle terá deixado a Duquesa de Cambridge em lágrimas numa prova dos vestidos das meninas que acompanhavam o cortejo do seu casamento. Depois há os que já não aguentam ver mais uma fotografia da Duquesa a agarrar a sua barriga de grávida. E por fim, há ainda os conspiracionistas (quem não gosta de uma boa teoria da conspiração?) que asseveram que a Duquesa não está grávida e que usa uma barriga falsa (moon bump) enquanto uma barriga de aluguer carrega o bébé Sussex. 

Tudo isto não passaria de uma nota de rodapé na mais trival crónica social, não fosse o movimento anti “anti-Meghan Markle” estar a tentar controlar, apagar ou limitar o acesso dos detratores às redes sociais. Páginas como a Hello (prestigiada publicação cor-de-rosa) ou o Kensigton Royal (página oficial dos Duques de Cambridge e Duques de Sussex) admitem perder horas a controlar comentários e a apagar os conteúdos considerados ofensivos. O twitter parece estar a controlar hashtags anti Meghan como sejam #Megxit; #charlatanduchess; #notmyduchess ou #moonbump. Entretanto, a Revista Hello lançou a campanha Hello to Kindness para incentivar comentários positivos nas redes sociais, muito motivado pela quantidade avassaladora de comentários anti Meghan Markle. 

No meio desta tentativa de silenciar críticos, a equipa de PR de Meghan Markle tenta sempre colar o rótulo de racista (porque a duquesa é “bi-racial”) aos críticos. Acontece que criticar Meghan Markle por esta se vestir da forma A ou B, por escrever mensagens de apoio a trabalhadoras do sexo em bananas, ou por não parar de agarrar a barriga, não são comentários racistas. São opiniões. Mesmo a mais grave das afirmações (de que a Duquesa está a fingir a gravidez) não é racismo. É apenas e só uma afirmação que, no limite, poderá ser considerada difamação e julgada como tal. 

Se há um claro benefício das redes sociais é dar a oportunidade de opiniar à mais obscura criatura. Ter essa possibilidade não faz da sua opinião algo bom ou que mereça eco, mas não pode ser censurada apenas por ser crítica. A liberdade de expressão pressupõe poder criticar, se nos apetecer, e não ver o nosso comentário eliminado por isso. Esta é a nova censura do politicamente correcto (say hello to kindness and to the new censorship!) e mal vai Meghan Markle quando apenas 8 meses depois do seu casamento já tem necessidade de censurar opiniões nas redes sociais.

Nenhum comentário: