Quando o PEC foi apresentado da forma "desastrada" que já todos conhecemos, provocando uma chuva de críticas - pela forma e pelo conteúdo - levando, em última análise, ao seu chumbo e à demissão do Primeiro Ministro, eu fiquei mais desconfiada do que descansada.
Tudo bem que Sócrates se demitiu - e isso, sem mais, é uma boa notícia - mas a crise política tinha sido montada por ele, nos seus termos, condições e no momento mais vantajoso. E isto não é, de todo, uma boa notícia.
Sócrates é um obcecado pela forma e pelo "damage control". Veja-se o vídeo da TVI se dúvidas houver sobre esta obcessão. Por isso mesmo, sabendo que o estouro financeiro era inevitável - o que parece que se terá tornado evidente no final de Fevereiro - o PM, mestre da farsa e dos jogos de espelhos, criou todas as condições para fazer rebentar uma crise política que mascararia o real e evidente estouro financeiro semanas depois.
O artigo do Jornal de Negócios é disto mesmo elucidativo e tem que ser cabalmente explicado, sob pena de ficarmos, uma vez mais com a dúvida, tal como aconteceu quanto à licenciatura, ao licenciamento do Freeport, à tentativa de compra da TVI; etc. Chega de dúvidas sobre o Primeiro Ministro. É tempo de pedirmos a verdade e exigirmos a sua responsabilização. Portugal não aguenta mais jogos, mais mentiras e mais pantomimas.
Se Sócrates acordou um regaste a 11 de Março, que o assuma, de uma vez por todas e deixe de acusar os outros de uma falência que é só responsabilidade sua. Acabou. BASTA!
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E, já agora, à mentira já estamos mais ou menos habituados. Mas poupem o país a números de circo de má qualidade como o deste fim-de-semana em Matosinhos.
Um comentário:
Quando tenho paciência para ver Sócrates a pavonear-se no papel de Primeiro, acho sempre que o cenário adequado para a sua pose é a Veneza carnavalesca, onde, como polichinelo vestido a rigor, receberia as teatrais vénias de mascarados bem ao seu ditatorial gosto - reverentes, mudos e inexpressivos.
Mascaradas à parte, o conclave de Matosinhos demonstrou, uma vez mais, a excelência da organização do PS no que toca a propaganda, mensagem eleitoral e oposição a qualquer outro partido político. E Sócrates, por muito que se saiba das suas mentiras e trapalhadas, é um exímio actor da cena política. O melhor de todos, sem dúvida. Para nossa desgraça, essa elevada competência tem ele. O estado a que o país chegou e as intenções de voto que mantém, malgré tout, provam-no.
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