terça-feira, outubro 16, 2012

Alternativa



Custa-me ver as notícias que dão conta do mal-estar na coligação governamental, não pelo que esse mal-estar significa (é muitas vezes da divergência que nasce a melhor solução) mas pelo que isso pode significar para o país, que não pode ir para eleições, nem pode perder a credibilidade externa garantida apenas pela estabilidade e pelo amplo consenso político. 

O orçamento é mau? É. O aumento de impostos merece todos aqueles nomes que lhe atribuíram? Merece. A inflexibilidade demonstrada pelo Ministro das Finanças é um mau sinal? É. 

Mas... é solução esticar a corda até a rebentar? Não. Precisamos de gente responsável que saiba que, neste momento, Portugal precisa de ter um Orçamento aprovado que satisfaça as exigências da Troika. Precisamos de um governo que se mostre capaz de liderar as reformas de que o país, desesperadamente, precisa. Precisamos de governantes com a fibra necessária para aguentarem a pressão das ruas, sem se desviarem daquele que deve ser o seu caminho: a reforma do Estado e a consolidação orçamental (sim, uma sem a outra de nada valeria). Precisamos de partidos responsáveis e à altura das suas obrigações (e aqui não falo apenas do PSD e do CDS, mas sobretudo do PS, que não se pode esquecer do que assinou em Maio passado e passar ao lado de tudo o que estamos a viver assobiando para o ar.) Precisamos de um governo que se mostre empenhado, determinado mas também flexível no que toca a encontrar melhores soluções.

Como observadora externa, parece-me a mim – como a muita gente – que o esforço do lado da despesa deveria ser maior. Mas será que isso seria menos duro do que fazer o ajustamento pelo lado da receita? Se calhar não. Porque as gorduras do Estado, quando se vão a ver de perto, são órgãos que, afinal, todos parecem considerar vitais. Não se pode falar de privatizações (TAP, CGD, RTP, etc). Não se pode falar em repensar os serviços públicos (desde logo saúde e educação que não podem continuar a ser tendencialmente gratuitas). Não se pode falar em reduzir a máquina da Administração Pública (com os necessários ajustamentos nos seus funcionários). Não se pode falar em reformar, verdadeiramente, a Segurança Social introduzindo verdadeira liberdade de escolha. 

E é por isso, por esse caminho ser difícil e se deparar com múltiplas dificuldades, que se opta pelo aumento brutal dos impostos. O CDS não gosta? Claro que não gosta! Não poderia gostar. Mas e agora? O que fazer? Só vejo um caminho: ser consequente e apresentar aquilo que o Ministro Gaspar pediu: propostas sérias e consequentes de cortes na despesa. É isso que eu espero dos deputados que ajudei a eleger. E à maioria, só peço que demonstre a flexibilidades, a maturidade e a seriedade que se exige aos nossos governantes e representantes. Sobretudo em tempos difíceis.

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