Aqui há uns anos descobri Stieg Larsson. Por acaso. Ninguém
mo tinha recomendado, mas mesmo assim
arrisquei, apesar de uma capa pouco feliz (que remetia para aqueles romances de
vampiros que, de repente, encheram todas as estantes) e de um título algo duvidoso:
“Os homens que odeiam as mulheres” (na versão portuguesa).
Li o primeiro de rajada e não descansei enquanto não acabei
os outros dois. Com uma brutal falta de humanidade (que toca o egoísmo),
lamentei a morte prematura de Larson não por ele ter morrido, mas pelos livros
que ficaram por escrever. Queria ler mais, todos aqueles que iriam compor uma
obra de 10 histórias sobre o super Blomkvist
e a anti-heroína mais bem conseguida da literatura policial, a Lisbeth
Salander.
Para colmatar a falha dos livros que ficaram por escrever,
devorei os filmes. Primeiro a trilogia original sueca (e confesso que não
esperava filmes ao nível do que encontrei) e depois esperei com ansiedade crescente
o lançamento do primeiro dos filmes da
trilogia made in Hollywood. Não
desapontou, antes pelo contrário.
Agora, que não há data para o lançamento do segundo filme da
trilogia Millennium, arrisquei uma outra autora sueca: Camilla Lackberg. A
expectativa era alta (já que ela é apelidada da nova Agatha Christie – e para
mim Christie será sempre a autora que me fez gostar de ler “livros de gente
crescida”) e a tentação de a comparar a Larson era (quase) irresistível. E talvez
sejam mesmos as comparações que tramam Lackberg. Nem é Christie, nem é Larson. Ao
terminar o seu primeiro livro, “The Ice Princess” (na tradução inglesa), não
posso considerar que seja genial. É uma autora competente e o livro é
interessante, mas, na minha opinião, perde-se demasiado em histórias paralelas
sem explicar, devidamente, a trama principal. E claro, Patrik e Erica não são o
Poirot nem a Miss Marple. Não são, sequer, o super
Blomkvist e a Lisbeth. Mas, como
tira teimas, e porque adoro policiais, já chegaram hoje os três seguintes. E, quem
sabe, não vou descobrir que os autores também crescem (nem que seja para nós).