Independentemente da avaliação que possamos fazer do trabalho das agências de notação financeira, a verdade é que elas continuam a ser o principal barómetro dos mercados. E a verdade, também, é que segundo a avaliação da Standard & Poor, revista hoje, é apenas um nível que nos separa agora do "lixo".
Isto é mau? Não. É péssimo! Significa que Portugal não é um investimento seguro. E estamos a um passo de nos transformarmos em "não investimento". Na prática o que isto quer dizer é: o financimento internacional torna-se (ainda) mais difícil por aumentar o receio de incumprimento e os juros sobem (ainda mais).
A situação, como se vê, não é brilhante. E o que fazem os (ainda) responsáveis políticos do país? Jogam às escondidas com a culpa (como bem ilustrou, ontem, Bagão Felix, na sua crónica).
Pois bem, se é isso que querem, então respondam lá a esta pergunta simples: quem nos conduziu a esta situação - um governo irresponsável que, durante 6 anos, duplicou o endivamento externo ou a oposição num só dia ao decidir dizer basta ao desgoverno?
A confiança, meus senhores, não se perde num só dia por causa do chumbo de um PEC. É preciso ir mais longe e recordar que o PEC4 só era preciso porque os 3 PEC anteriores não resolveram o problema de confiança. Indo ainda mais longe, só foram precisos 4 PEC porque o governo nos conduziu à situação de défice excessivo e de sobre-endividamento. E não me venham com a conversa da crise internacional porque, só no Euro, somos 17 e só 3 foram ou estão em risco de ser "resgatados". O problema é sistémico e anterior à crise. O problema chama-se "socialismo" e tem uma cara, José Sócrates.