O problema do mercado do arrendamento não se resolve (só) com a liberalização das rendas. Há que acabar com o regime garantístico que trata os inquilinos como vítimas e os senhorios como abusadores. Tem que se devolver a liberdade contratual às partes, para que estas determinem, por acordo, os prazos e as formas de cessação do contrato (incluindo o direito à denúncia, por parte do senhorio, sem obrigação de indemnização). E, depois, há que agilizar as formas que permitam o “enforcement” da lei, com uma resolução rápida dos litígios. Se tudo isto for feito, este governo ficará na história. Se se limitarem a mexer nas rendas, o problema continuará o mesmo, mas maquilhado de novo.
segunda-feira, dezembro 26, 2011
sexta-feira, dezembro 16, 2011
O mito da androgenia e o "apagão" da mulher
Cada um veste o que quer e como quer. Se um homem se quer vestir de mulher, tem todo o direito de o fazer. Não é nem imoral, nem provocador. É apenas o que é, e nada tem de chocante.
Porém, por menos preconceituosa que seja, há uma coisa nesta campanha, que usa um homem num papel que é de mulher, que me choca. E choca-me, não pela inversão de papéis ou pela subversão de conceitos associada, mas porque torna a mulher substituível, perfeitamente dispensável.
Durante anos a indústria da moda "dessexualizou" (não sei se a palavra existe, mas neste contexto é indiferente) a mulher (excepção feita, talvez, à Victoria Secret com as suas anjas). Tornou a mulher pouco mais do que um rapazinho pós-puberdade, imberbe e sem definição sexual. O caminho estava traçado para chegarmos aqui: um homem (andrógino como poucos, é bem verdade) cumpre exactamente o mesmo papel que qualquer uma dessas pós-adolescentes indefinidas que pisam as passarelas. De tal modo que este homem, com as características físicas que tem, não se distingue das suas companheiras de passerelle e faz com que a mulher, com corpo de mulher, seja uma quase aberração nesta nova ditadura da beleza sexualmente indefinida.
Não sei de foi uma conspiração gay como aquela de que Henrique Raposo fala (e fala muitíssimo bem) mas a verdade é que o ideal de beleza feminina, dos anos 60 para cá, tem vindo a retirar à mulher tudo aquilo que a tornava, verdadeiramente, feminina. Apagaram as curvas, apagaram as mamas, apagaram as cinturas e as ancas e no seu lugar deixaram um "rapazinho".
Se eu fosse homem, perante este estado de coisas, entre uma pós-adolescente com corpo de menino e um homem que pareça o que é, não teria dúvidas e preferiria o homem. Mas talvez isso seja só eu, que sou mulher, e com pouca apetência para a androgenia.
quinta-feira, junho 09, 2011
Só por curiosidade
Podemos ler estas declarações de Vital Moreira em conjugação com esta notícia, ou isso será ir longe de mais?
quarta-feira, junho 08, 2011
O dia em que o CDS ganhou ... mas perdeu para as sondagens
No passado dia 5, mais portugueses confiaram no CDS e assumiram que não basta pensar como nós, é preciso também votar. Este foi o momento para 652.278 pessoas.
É por isso tempo de celebrar - ainda que de forma contida, que os tempos não estão para folias - uma espantosa caminhada que começou em 98 sob a liderança de Paulo Portas e que deu este fantástico resultado (em 6 anos duplicámos o tamanho do nosso grupo parlamentar e em 8 seremos governo pela segunda vez). Foi uma caminhada de sucesso, embora por vezes acidentada. Conhecemos vitórias, conhecemos derrotas, voltámos ao Governo, e também soubemos ser uma oposição capaz de apresentar alternativas.
Hoje o CDS é um partido abrangente, pragmático, focado em políticas concretas e com um discurso coerente e consistente. O CDS é associado a temas tão variados como a saúde, a segurança, a educação ou a agricultura, nos quais os portugueses sabem bem o que pensamos e porque pensamos - e muitos pensam como nós - e em todos eles demonstramos conhecimento, trabalho e estudo. O CDS tem um discurso sério e ponderado relativamente às finanças públicas, às grandes obras, e à necessidade de equilibrar as contas. O CDS tem uma política económica que, sendo genuinamente liberal, não cai nos exageros próprios dos recém-convertidos. O CDS, tanto na Assembleia da República, como no Parlamento Europeu, tem deputados trabalhadores e preparados que marcam a diferença. Somos reconhecidamente confiáveis e competentes.
Nos últimos anos o CDS falou claro, limpou o seu discurso de tiques do passado, e com isso mereceu a confiança de 652.278 pessoas que no passado domingo votaram em nós.
Tudo visto e ponderado, ganhámos em toda a linha: aumentámos (perto de 60.000) o número de votos; aumentámos em percentagem e aumentámos o número de deputados num momento em que o nosso mais directo competidor também cresceu (e até hoje o crescimento do PSD fizera-se sempre à custa do CDS).
Porquê, então, a alegria contida (quase uma tristeza latente) que se sentia no Largo do Caldas? Porque o CDS venceu em toda a linha, mas perdeu para as sondagens. Quando estas alimentaram a ilusão de que, desta vez, o mérito seria premiado e o CDS teria um resultado bem acima dos 10%, ficámos aquém dos números projectados. Pela primeira vez as sondagens falharam ao CDS por excesso e não por defeito.
A verdade, porém, é que ninguém perde contra expectativas. O CDS é um dos vencedores. Este foi o momento. Agora é tempo de (continuar a) trabalhar.
É por isso tempo de celebrar - ainda que de forma contida, que os tempos não estão para folias - uma espantosa caminhada que começou em 98 sob a liderança de Paulo Portas e que deu este fantástico resultado (em 6 anos duplicámos o tamanho do nosso grupo parlamentar e em 8 seremos governo pela segunda vez). Foi uma caminhada de sucesso, embora por vezes acidentada. Conhecemos vitórias, conhecemos derrotas, voltámos ao Governo, e também soubemos ser uma oposição capaz de apresentar alternativas.
Hoje o CDS é um partido abrangente, pragmático, focado em políticas concretas e com um discurso coerente e consistente. O CDS é associado a temas tão variados como a saúde, a segurança, a educação ou a agricultura, nos quais os portugueses sabem bem o que pensamos e porque pensamos - e muitos pensam como nós - e em todos eles demonstramos conhecimento, trabalho e estudo. O CDS tem um discurso sério e ponderado relativamente às finanças públicas, às grandes obras, e à necessidade de equilibrar as contas. O CDS tem uma política económica que, sendo genuinamente liberal, não cai nos exageros próprios dos recém-convertidos. O CDS, tanto na Assembleia da República, como no Parlamento Europeu, tem deputados trabalhadores e preparados que marcam a diferença. Somos reconhecidamente confiáveis e competentes.
Nos últimos anos o CDS falou claro, limpou o seu discurso de tiques do passado, e com isso mereceu a confiança de 652.278 pessoas que no passado domingo votaram em nós.
Tudo visto e ponderado, ganhámos em toda a linha: aumentámos (perto de 60.000) o número de votos; aumentámos em percentagem e aumentámos o número de deputados num momento em que o nosso mais directo competidor também cresceu (e até hoje o crescimento do PSD fizera-se sempre à custa do CDS).
Porquê, então, a alegria contida (quase uma tristeza latente) que se sentia no Largo do Caldas? Porque o CDS venceu em toda a linha, mas perdeu para as sondagens. Quando estas alimentaram a ilusão de que, desta vez, o mérito seria premiado e o CDS teria um resultado bem acima dos 10%, ficámos aquém dos números projectados. Pela primeira vez as sondagens falharam ao CDS por excesso e não por defeito.
A verdade, porém, é que ninguém perde contra expectativas. O CDS é um dos vencedores. Este foi o momento. Agora é tempo de (continuar a) trabalhar.
sábado, maio 28, 2011
Notas soltas de quem não tem paciência para esta campanha*
Esta campanha eleitoral tirou-me toda a vontade de escrever. Não há nada de novo que me apeteça comentar: o PS continua a estratégia de vitimização/acusação, impassível. Dará votos? O PSD continua empenhado em perder as eleições a todo o custo. Viva o Dr. Coelho que tem dias em que mais parece o seu próprio caçador. O BE finalmente diluíu-se e o PCP continua igual a si mesmo.
Sobra o CDS, que tem feito uma campanha impecável, sem erro ou deslize (nada que me espante!) com um Paulo Portas que está "um arraso"!
__________________________
* Este blog voltará depois de 5 de Junho. Obrigada.
Sobra o CDS, que tem feito uma campanha impecável, sem erro ou deslize (nada que me espante!) com um Paulo Portas que está "um arraso"!
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* Este blog voltará depois de 5 de Junho. Obrigada.
segunda-feira, abril 11, 2011
Governo deixa cair TGV
Há largos meses que se tornara evidente que isto ia acontecer. Quando não há dinhero, não há grandes obras. Nada mais simples e linear.
Porém, uma vez a decisão tomada, com meses de atraso, tenho apenas uma pergunta: se um Governo atento sabia há muito tempo que teria que chegar aqui, a teimosia não terá tido apenas como objectivo "indemnizar" uns amigos?
domingo, abril 10, 2011
Jogo de Espelhos
Quando o PEC foi apresentado da forma "desastrada" que já todos conhecemos, provocando uma chuva de críticas - pela forma e pelo conteúdo - levando, em última análise, ao seu chumbo e à demissão do Primeiro Ministro, eu fiquei mais desconfiada do que descansada.
Tudo bem que Sócrates se demitiu - e isso, sem mais, é uma boa notícia - mas a crise política tinha sido montada por ele, nos seus termos, condições e no momento mais vantajoso. E isto não é, de todo, uma boa notícia.
Sócrates é um obcecado pela forma e pelo "damage control". Veja-se o vídeo da TVI se dúvidas houver sobre esta obcessão. Por isso mesmo, sabendo que o estouro financeiro era inevitável - o que parece que se terá tornado evidente no final de Fevereiro - o PM, mestre da farsa e dos jogos de espelhos, criou todas as condições para fazer rebentar uma crise política que mascararia o real e evidente estouro financeiro semanas depois.
O artigo do Jornal de Negócios é disto mesmo elucidativo e tem que ser cabalmente explicado, sob pena de ficarmos, uma vez mais com a dúvida, tal como aconteceu quanto à licenciatura, ao licenciamento do Freeport, à tentativa de compra da TVI; etc. Chega de dúvidas sobre o Primeiro Ministro. É tempo de pedirmos a verdade e exigirmos a sua responsabilização. Portugal não aguenta mais jogos, mais mentiras e mais pantomimas.
Se Sócrates acordou um regaste a 11 de Março, que o assuma, de uma vez por todas e deixe de acusar os outros de uma falência que é só responsabilidade sua. Acabou. BASTA!
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E, já agora, à mentira já estamos mais ou menos habituados. Mas poupem o país a números de circo de má qualidade como o deste fim-de-semana em Matosinhos.
terça-feira, março 29, 2011
O problema é o socialismo
Independentemente da avaliação que possamos fazer do trabalho das agências de notação financeira, a verdade é que elas continuam a ser o principal barómetro dos mercados. E a verdade, também, é que segundo a avaliação da Standard & Poor, revista hoje, é apenas um nível que nos separa agora do "lixo".
Isto é mau? Não. É péssimo! Significa que Portugal não é um investimento seguro. E estamos a um passo de nos transformarmos em "não investimento". Na prática o que isto quer dizer é: o financimento internacional torna-se (ainda) mais difícil por aumentar o receio de incumprimento e os juros sobem (ainda mais).
A situação, como se vê, não é brilhante. E o que fazem os (ainda) responsáveis políticos do país? Jogam às escondidas com a culpa (como bem ilustrou, ontem, Bagão Felix, na sua crónica).
Pois bem, se é isso que querem, então respondam lá a esta pergunta simples: quem nos conduziu a esta situação - um governo irresponsável que, durante 6 anos, duplicou o endivamento externo ou a oposição num só dia ao decidir dizer basta ao desgoverno?
A confiança, meus senhores, não se perde num só dia por causa do chumbo de um PEC. É preciso ir mais longe e recordar que o PEC4 só era preciso porque os 3 PEC anteriores não resolveram o problema de confiança. Indo ainda mais longe, só foram precisos 4 PEC porque o governo nos conduziu à situação de défice excessivo e de sobre-endividamento. E não me venham com a conversa da crise internacional porque, só no Euro, somos 17 e só 3 foram ou estão em risco de ser "resgatados". O problema é sistémico e anterior à crise. O problema chama-se "socialismo" e tem uma cara, José Sócrates.
À rasca, mas com iPad
Depois de ter recebido mensagens insistentes da FNAC, em contagem descrescente para a chegada do iPad 2, hoje leio que, em apenas um fim-de-semana, o novo brinquedo da Apple (será assim tão diferente do anterior?) esgotou em Portugal. No Colombo foram precisos 24 minutos para desaparecerem. Dando números à notícia, desde sexta-feira, os portugueses gastaram cerca de 2,5 milhões de euros em iPads!
Podem achar que é demagogia ou que este é mais um discurso "salazarento", mas a verdade é que este não é o comportamento de um país em recessão. Não é o comportamento de um povo garroteado por sacrifícios. Quem não tem dinheiro - e nós não temos - não dá entre 479 e 799 euros por um brinquedo tecnológico que terá mais de bom marketing - excelente, mesmo - do que de interesse real.
Abram os olhos: acabou o dinheiro. Não apenas o do Estado (que é nosso), mas o nosso (nosso, nosso) também. Portugal tem que aprender a viver com menos. E isso significa, entre outras coisas, importar menos brinquedos da Apple e talvez investir para produzir uns brinquedinhos tugas. É assim que se começa.
Podem achar que é demagogia ou que este é mais um discurso "salazarento", mas a verdade é que este não é o comportamento de um país em recessão. Não é o comportamento de um povo garroteado por sacrifícios. Quem não tem dinheiro - e nós não temos - não dá entre 479 e 799 euros por um brinquedo tecnológico que terá mais de bom marketing - excelente, mesmo - do que de interesse real.
Abram os olhos: acabou o dinheiro. Não apenas o do Estado (que é nosso), mas o nosso (nosso, nosso) também. Portugal tem que aprender a viver com menos. E isso significa, entre outras coisas, importar menos brinquedos da Apple e talvez investir para produzir uns brinquedinhos tugas. É assim que se começa.
quinta-feira, março 24, 2011
Diário de Viagem - ISRAEL (3)
Ir a Israel é aceitar o risco. Aceitar que o terrorismo existe mais ali do que em outros locais do mundo. Aceitamos isto como premissa, mas não sentimos o medo. Infelizmente, esta "crueza" não é nada a que os israelitas não estejam habituados. O terrorismo não é nada que não esperem ou que não faça parte do seu quotidiano. Para um israelita a vida é mesmo isso, a convivência diária com a ameaça e a tentativa de fazer disso um modo de vida "normal" (a este propósito aconselho - mesmo - a leitura da crónica de hoje da Esther Mucznik, no Público).
Mas, apesar da "promessa" de normalidade - no sentido de tranquilidade e segurança - que se vive em Israel, ontem, ao início da tarde, uma bomba voltou a explodir no centro de Jerusalém, 7 anos depois da última, na principal estação de autocarros da cidade. É apenas mais um autocarro que explode em Israel. Não é nada de novo. Para os Israelitas e para o mundo, que assiste a isto há tempo de mais. Mas foi novo para mim. E foi, simplesmente, porque que eu estive naquela rua. Naquela mesmíssima estação de autocarros. Foi ali que apanhei o "maxi-cab" para Telavive. Foi ali que parei, num café de esquina, para beber um café e comprar uma garrafa de água. Estive ali, e, ali, fiz o que de mais normal há na vida: parar dois minutos para beber um café.
Nada explodiu, então. Ainda bem, penso eu agora. Mas estive ali e não tive medo. Aos que me têm perguntado (e têm sido alguns) se me senti insegura em Israel, a resposta é não. Não senti medo, tal como não é medo o que sinto ao andar de metro em Londres, ao apanhar um comboio em Madrid ou ao entrar num avião para qualquer parte do mundo. Tenho consciência do risco que é viver num mundo em que o terrorismo existe. Sei que posso, um dia, ser vítima dele. Tanto em Israel, como em Londres, em Madrid, em Nova Iorque ou em Lisboa. Por isso, estive na estação, onde ontem explodiu um autocarro e onde morreu uma turista, e não tive medo. Mesmo sabendo, hoje mais do que ontem, que podia ter sido o meu autocarro. Podia ter sido eu.
É esta estranha sensação - não é medo, nem angústia mas uma profunda consciência da relatividade das coisas - que se aprende com Israel. Sente-se.
Nada explodiu, então. Ainda bem, penso eu agora. Mas estive ali e não tive medo. Aos que me têm perguntado (e têm sido alguns) se me senti insegura em Israel, a resposta é não. Não senti medo, tal como não é medo o que sinto ao andar de metro em Londres, ao apanhar um comboio em Madrid ou ao entrar num avião para qualquer parte do mundo. Tenho consciência do risco que é viver num mundo em que o terrorismo existe. Sei que posso, um dia, ser vítima dele. Tanto em Israel, como em Londres, em Madrid, em Nova Iorque ou em Lisboa. Por isso, estive na estação, onde ontem explodiu um autocarro e onde morreu uma turista, e não tive medo. Mesmo sabendo, hoje mais do que ontem, que podia ter sido o meu autocarro. Podia ter sido eu.
É esta estranha sensação - não é medo, nem angústia mas uma profunda consciência da relatividade das coisas - que se aprende com Israel. Sente-se.
quarta-feira, março 23, 2011
Assinaria por baixo, sem alterar uma vírgula
Elizabeth Taylor 1932 - 2011
Este blog gosta de homens, mas tem algumas mulheres como ícones intemporais. Liz Taylor, a gata em telhado de zinco quente, era uma delas. Não apenas pela vida apaixonada, pelo talento fulgurante, pelas jóias fabulosas, mas, muito em especial, pela mais fascinante história de amor do século XX, com o homem mais homem de todos os tempos, Richard Burton.
RIP
Actualização: Elizabeth Taylor também era uma amiga de Israel.
quarta-feira, março 16, 2011
Portugal e o futuro (2)
Os meus filhos nascerão endividados, mas terão um excelente aeroporto de onde poderão emigrar.
Portugal e o futuro (1)
Os meus filhos já nascerão endividados, mas terão um óptimo TGV que os levará num instante a Madrid.
terça-feira, março 15, 2011
"I'M READY FOR MY CLOSE-UP"
José Sócrates em versão Drama Queen, afirma, do alto da sua sabedoria "eu compreendo que a vida não está fácil para nenhum cidadão europeu." Fácil, fácil não está. Mas está bem mais difícil para uns do que para outros. E os Portugueses estão em 3.º na escala da dificuldade, atrás da Grécia e da Irlanda. Vá lá perguntar aos Finlandeses ou aos Suecos ou mesmo aos Luxemburgueses se eles se queixam!
Já não adianta deitar-nos areia para os olhos com a crise internacional. Existiu? Claro (ainda que negada quase até ao fim por Manuel Pinho, ex ministro de Sócrates, aquele que na véspera da queda do Lehman Brothers afirmou que a crise tinha acabado)!
Portugal não está só a sofrer com a "crise internacional". Como bons nacionalistas, herdeiros da política "orgulhosamente sós", não queremos intervenção externa e por isso temos uma crise só nossa, feita à nossa exacta medida. Crise fruto do desgoverno e do descontrolo de 6 anos de escolhas políticas erradas que delapidaram os recursos do país. Não produzimos, não temos indústrias nem agricultura, não temos empresários nem investidores, não temos uma banca sólida e empresas públicas bem geridas.
Não é por acaso que a Moody's hoje nos baixou o rating de um A3 para um A1, dando conta de que poderá ser necessário o Governo vir a socorrer bancos e empresas públicas com dificuldades de financiamento nos mercados. Na Europa, que eu saiba, ainda se mantêm muitos "triple A", apesar da crise de "a vida não estar fácil para nenhum cidadão europeu."
Estes gajos estão feitos com o PSD
Standard & Poor's reitera que Portugal vai recorrer à ajuda externa
segunda-feira, março 14, 2011
Basta!
Sócrates veio à televisão, em horário nobre, com o seu melhor fato comprado em Rodeo Drive, dizer aos Portugueses que tudo irá fazer para defender Portugal de uma possível intervenção externa - leia-se Fundo de Estabilização do Euro e FMI - e que as medidas agora tomadas (o PEC 4) são essenciais para acalmar os mercados e garantir a inviolabilidade nacional face ao bicho mau FMI/FEE. Mais uma vez, quem não está com ele está contra o interesse nacional e tem um pacto com o demónio FMI/FEE.
Pois muito bem, ouvi com atenção o PM e tenho algumas perguntas que gostaria de lhe colocar:
1. Se Portugal hoje corre o risco de ser sujeito - como a Grécia e a Irlanda - a uma intervenção externa do FMI e do FEE, isso deve-se a quem? Quem foi responsável pelas contas públicas nos últimos 6 anos? Quem é responsável pela estado calamitoso da dívida e do défice?
2. Se em Janeiro havia uma folga, anunciada com pompa e circunstância, nas contas públicas de 800 milhões de euros porque razão são necessários mais 1000 milhões arrecadados pelo PEC 4 só para 2011?
3. O buraco nas contas públicas que, segundo a imprensa alemã, foi encontrado pelo BCE e Comissão é de que dimensão? Qual o verdadeiro valor em causa? É esse buraco que o PEC 4 pretende cobrir?
4. Como justifica o congelamento de pensões de 246 Euros (sim, 246 euros, essa fortuna!) e se permite avançar, sozinho e teimosamente, com os grandes investimentos públicos que, sozinhos, representam o PEC 1, 2, 3, 4 e mais os que hão-de vir?
5. Se o PEC 1 foi feito para acalmar os mercados. O mesmo acontecendo com o 2 e 3 e a acalmia não aconteceu e os juros continuaram a subir, porque motivo irei acreditar que é desta que acalmam e que a confiança é reposta?
Sócrates tem razão no diagnóstico: o problema de Portugal é um problema de confiança. Mas erra nos pressupostos e nas consequências. É de facto falta de confiança, nele e no Governo dele. Sócrates é hoje o maior factor de desconfiança e de falta de estabilidade. Basta.
Let them eat cakes
Confesso que quando li que José Sócrates "respondera" aos jovens da "Geração à Rasca" com as suas "políticas de modernidade", falando do aborto, da facilitação do divórcio e do casamento homossexual, achei que era brincadeira de algum "artista" mais inspirado. Achei (mesmo! e assumo a minha ingenuidade) que nem o suposto engenheiro seria capaz de tamanha "lata". Mas foi! Aqui está:
Quando lhe falam de pão ele responde com brioches. Por muito menos a pobre Antoinette perdeu a cabeça.
Os reformados, esses representantes do "grande capital"
Os jornais fizeram as contas - não sei se certas ou erradas, mas vou tomá-las por boas - e concluiram que os reformados vão pagar, em 2012, mil milhões da consolidação orçamental. Entre reduções nas reformas milionárias (!) de mais de 1500 euros, à convergência do regime do IRS passando pelo fim da comparticipação de medicamentos, os reformados pagam a crise. Não interessa que tenham trabalhado toda a vida para terem uma pensão milionária (!) de 1500 euros, não interessa que tenham a pensão mínima que mal dá para pagar os remédios. Interessa é que têm que pagar um TGV que porventura nunca irão utilizar e um novo aeroporto que não lhes interessa nada. Antes contribuíssem para ter melhor saúde, mas aí, o novo PEC também corta. Ou para garantir que as contas ficavam mesmo em ordem e que não seriam os netos a pagar a factura, lá 2050. Talvez assim até se compreendesse o sacrifício (embora nunca a sua dimensão).
Agora, aceitar que cortem pensões de 1500 euros e permitir que existam por aí Ruis Pedros Soares? Aceitar que se congelem as pensões mínimas e avançar com um TGV rumo ao abismo? Aceitar que se retirem comparticipações e se continue a financiar a megalomania de um Primeiro-Ministro teimoso?
Já chega, não!?
sábado, março 12, 2011
E não há ninguém que lhe diga isto? Tipo, sei lá, a Merkel?
O Governo apresenta novo pacote de austeridade até 2013. Carrega, uma vez mais, em quem é mais fácil carregar. Evita o corte das despesas, mas lá vai falando de redução de gastos na saúde - com medicamentos - e na educação - com o plano de requalificação do parque escolar.
Em lado nenhum encontro referência à suspensão de grandes obras. Mas, o engraçado, é que só o troço Poceirão-Caia do Projecto TGV - o tal que custa 3.500 mil milhões de euros - equivale a dois Planos de Austeridade. Era suspendê-lo e não seriam precisos cortes nos abonos de família, na comparticipação de medicamentos e nas pensões e salários.
São opções políticas. Claro que são. Mas são opções erradas, injustas, injustificáveis e ruinosas. Por isso, insisto: Não há ninguém que lhes diga isso? Não há ninguém que os faça parar?
sexta-feira, março 11, 2011
Geração desenrascada
Amanhã o Protesto da "Geração à Rasca", a tal dos recibos verdes, dos estágios, das bolsas etc., encherá (ou não) as ruas do país. Não percebi ainda bem o que pedem ou por que causa lutam. Sei apenas que estão descontentes. Ora bolas, eu também!
Estou descontente, desde logo, com uma geração, a minha, que acha que é mais do que as que a antecederam porque é, e cito, "a geração com o maior nível de formação na história do país". Ahhhh óptimo! Somos a geração com mais Dr., Eng. e Arq. por metro quadrado, mas eu não me sinto mais preparada do que os meus pais ou avós. E sobretudo, não me sinto mais preparada do que aqueles senhores que, sem canudo, computador, internet ou facebook, lutaram pela independência e pela construção de um Estado; ou aqueles outros que, contra a ciência e os conhecimentos da época, saíram em "cascas de nozes" e descobriram que o mundo era redondo. Esses também estavam à rasca, mas desenrascaram-se, sem ciência, sem conhecimento e sem direitos adquiridos a suportá-los. Só por isso são melhores do que eu, que estou calmamente sentada ao computador a escrever o que me apetece, apoiada pelas liberdades que outros conquistaram por mim e que me permitem dizer o que penso e pensar como quero.
Estou descontente por ver mais gente a reclamar por um suposto direito ao emprego - o qual não existe - ao invés de lutar pelo direito ao trabalho. E isto não é semântica ou brincadeira de sinónimos. A existência de um "Direito ao Emprego" obrigaria o Estado a criar empregos. O Direito ao Trabalho obriga ao Estado a não criar entraves à criação de emprego. Obriga-o a ter uma fiscalidade amiga das empresas - porque são elas que criam o emprego; a repensar o modelo de Segurança Social e baixar os encargos com a TSU para empresas e trabalhadores; a apoiar o empreendedorismo e a criação do próprio emprego; a flexibilizar as leis laborais, adequando-as aos novos modelos de sociedade e de trabalho; entre muitas outras. É por isto que devíamos lutar: por menos Estado a sufocar as empresas e os cidadãos. Por menos Estado a tributar os rendimentos do trabalho. Por menos Estado a criar regras impossíveis para empresas que têm que produzir e ser competitivas. Por mais produção; por mais indústria; por mais agricultura; por mais serviços; por mais riqueza a ser criada por cada um de nós. No fundo, devíamos sair à rua por um Estado que não corte as pernas, os braços e a voz a quem quer ser desenrascado.
A arrogância é o pecado desta geração que não percebe que pode ter mais formação "superior" mas que essa sua formação, afinal de contas, não é garantia de nada nem um "livre trânsito" para o mundo do trabalho. Mas, mais grave é aliar à arrogância, a ingenuidade dos que acreditam mesmo no que dizem.
quinta-feira, março 10, 2011
quarta-feira, março 09, 2011
O Discurso do Presidente
A Cavaco Silva não terá sido pedido que vencesse a gaguês neste seu discurso de tomada de posse, mas foi pedido que vencesse os seus próprios preconceitos e assumisse uma postura mais interventiva, algo tão difícil para Cavaco como falar fluentemente era para Jorge VI. E, tal como aquele, quando teve que falar à Nação num momento de grande crise - a Guerra contra a Alemanha acabara de ser declarada -, também Cavaco venceu em toda a linha e mostrou ser um líder, ao não esconder a verdade dramática dos números da dívida, do défice, do crescimento e do desemprego, e ao apresentar aquelas que são as suas propostas. Não ouvi, em momento algum, Cavaco dizer que o caminho é fácil. Não o vi a apontar o dedo à Alemanha, à crise internacional, às Agências de Notação ou à Europa. Ouvi, isso sim, um discurso lúcido e uma política de verdade. É disso mesmo que Portugal precisa.
Para quem não viu, e mesmo para quem viu, recomendo que agora leia e guarde para reler mais tarde. Aqui.
terça-feira, março 08, 2011
Are we equals?
Um excelente video a promover a igualdade entre homens e mulheres. Possivelmente, a melhor iniciativa do género que vi neste dia da mulher.
da London School ao Ministro da Defesa alemão - uma questão ética
Howard Davies, Director da London School of Economics demitiu-se por ter aconselhado a Instituição a aceitar doações de uma fundação ligada ao filho de Kadaffi. Consta que não houve qualquer ilegalidade nestas doações e não está em causa qualquer tipo de corrupção, mas o homem que foi responsável pela Autoridade de Serviços Financeiros britânica e governador do Banco de Inglaterra, entendeu que não poderia continuar à frente da Instituição.
Karl-Theodor zu Guttenberg, Ministro da Defesa Alemão, depois de acusações de plágio na sua tese de doutoramento, as quais estão a ser investigadas pela Universidade de Bayreuth, não apenas renunciou ao título de Doutor como apresentou a demissão do cargo que ocupava no Governo Alemão.
O que pretendo com isto? Talvez demonstrar, por comparação, a extrema "elasticidade ética" com quem em Portugal lidamos com todos os escândalos. Comparações, pois cada um que faça as que quiser.
Karl-Theodor zu Guttenberg, Ministro da Defesa Alemão, depois de acusações de plágio na sua tese de doutoramento, as quais estão a ser investigadas pela Universidade de Bayreuth, não apenas renunciou ao título de Doutor como apresentou a demissão do cargo que ocupava no Governo Alemão.
O que pretendo com isto? Talvez demonstrar, por comparação, a extrema "elasticidade ética" com quem em Portugal lidamos com todos os escândalos. Comparações, pois cada um que faça as que quiser.
domingo, março 06, 2011
Diário de Viagem - ISRAEL (2)
É impossível visitar o Yad Vashem, o Museu/Memorial do Holocausto, no Monte da Recordação (Har HaZikaron) em Jerusalém, e ficar indiferente. E não será por Yad Vasehm nos contar uma história sobre o Holocausto diferente e mais terrível do que aquela que (infelizmente) todos conhecemos.
É, talvez, porque ali o Holocausto é a VERDADE. A única verdade daqueles milhões de números a quem Yad Vashem quis restituir a humanidade, devolvendo uma cara, um nome e uma história. Não estão lá os rostos dos 6 milhões de Judeus que foram mortos nos guetos, nas valas e nas câmaras de gás. Mas estão os de muitos e, em cada um deles, reconhecemos alguém como nós: com uma família, com um nome, com esperança. Homens, mulheres, novos, velhos, crianças, deficientes, artistas, cientistas, escritores ou advogados, todos estão em Yad Vashem, porque todos, independentemente da idade, da profissão ou da nacionalidade, foram vítimas da Shoah.
Em Yad Vashem, contudo, não há o horror. Não há o cheiro. Não há o frio. Não há o medo que dizem que se sente, ainda hoje, em Auschwitz-Birkenau. Há, sim, uma história, terrível, que é contada através da história das pessoas que a viveram. O professor que morreu porque se recusou a abandonar as crianças que tinha a seu cargo. A jovem hungara que sobreviveu e consigo "salvou" algumas das mais terríveis fotografias dos campos. O realizador de cinema judeu que colaborou com os Nazis achando que assim ganhava a sobrevivência, mas que não conseguiu. E em cada nova caixa que abrimos, uma história, igual às demais na sua simples humanidade. É isso que choca em Yad Shavem.
Por fim, porém, em Yad Vashem também há esperança. A esperança de que os Judeus agora têm uma casa e um Estado que os pode proteger. A esperança de que será impossível algo tão terrível voltar a acontecer. E é por causa dessa esperança que a visita termina numa varanda, com uma esmagadora vista sobre Jerusalém, a terra prometida.
Em Yad Vashem todos nós fazemos uma viagem. Não a viagem das muitas salas pelas quais passamos, mas uma viagem interior, sobre os limites da humanidade e é isso que não nos deixa indiferentes. Eu não saí de Yad Vashem a saber mais sobre o Holocausto. Mas saí de Yad Vashem, sem dúvida, a saber mais sobre humanidade.
_______________________________
Nota: nos minutos imediatamente após a visita, não sabia muito bem o que podia dizer. Tudo parecia banal e pequeno, perante a dimensão daquilo com que ali somos confrontados. Não havia lugar ao sentido de humor, tão útil quando nada mais há a dizer. Uma gargalhada soaria mal, ali. Aos poucos vamos recuperando, mas a sensação de estranheza, essa não passa. Ainda agora, ao escrever sobre Yad Vashem não encontro as palavras certas para descrever o que senti. O nó volta ao estômago e o bloqueio ameaça a habitual fluência da escrita. Por algum motivo, o Holocausto foi o Holocausto, e não é preciso ver as câmaras de gás para sentir a revolta calada pelo que Homens foram capazes de fazer a outros Homens, tendo apenas o silêncio por testemunha. Yad Vashem é isso mesmo.
É, talvez, porque ali o Holocausto é a VERDADE. A única verdade daqueles milhões de números a quem Yad Vashem quis restituir a humanidade, devolvendo uma cara, um nome e uma história. Não estão lá os rostos dos 6 milhões de Judeus que foram mortos nos guetos, nas valas e nas câmaras de gás. Mas estão os de muitos e, em cada um deles, reconhecemos alguém como nós: com uma família, com um nome, com esperança. Homens, mulheres, novos, velhos, crianças, deficientes, artistas, cientistas, escritores ou advogados, todos estão em Yad Vashem, porque todos, independentemente da idade, da profissão ou da nacionalidade, foram vítimas da Shoah.
Em Yad Vashem, contudo, não há o horror. Não há o cheiro. Não há o frio. Não há o medo que dizem que se sente, ainda hoje, em Auschwitz-Birkenau. Há, sim, uma história, terrível, que é contada através da história das pessoas que a viveram. O professor que morreu porque se recusou a abandonar as crianças que tinha a seu cargo. A jovem hungara que sobreviveu e consigo "salvou" algumas das mais terríveis fotografias dos campos. O realizador de cinema judeu que colaborou com os Nazis achando que assim ganhava a sobrevivência, mas que não conseguiu. E em cada nova caixa que abrimos, uma história, igual às demais na sua simples humanidade. É isso que choca em Yad Shavem.
Por fim, porém, em Yad Vashem também há esperança. A esperança de que os Judeus agora têm uma casa e um Estado que os pode proteger. A esperança de que será impossível algo tão terrível voltar a acontecer. E é por causa dessa esperança que a visita termina numa varanda, com uma esmagadora vista sobre Jerusalém, a terra prometida.
Em Yad Vashem todos nós fazemos uma viagem. Não a viagem das muitas salas pelas quais passamos, mas uma viagem interior, sobre os limites da humanidade e é isso que não nos deixa indiferentes. Eu não saí de Yad Vashem a saber mais sobre o Holocausto. Mas saí de Yad Vashem, sem dúvida, a saber mais sobre humanidade.
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Nota: nos minutos imediatamente após a visita, não sabia muito bem o que podia dizer. Tudo parecia banal e pequeno, perante a dimensão daquilo com que ali somos confrontados. Não havia lugar ao sentido de humor, tão útil quando nada mais há a dizer. Uma gargalhada soaria mal, ali. Aos poucos vamos recuperando, mas a sensação de estranheza, essa não passa. Ainda agora, ao escrever sobre Yad Vashem não encontro as palavras certas para descrever o que senti. O nó volta ao estômago e o bloqueio ameaça a habitual fluência da escrita. Por algum motivo, o Holocausto foi o Holocausto, e não é preciso ver as câmaras de gás para sentir a revolta calada pelo que Homens foram capazes de fazer a outros Homens, tendo apenas o silêncio por testemunha. Yad Vashem é isso mesmo.
Parvos
Acordo, tomo o café da praxe, abro o facebook e o que vejo? Um país indignado porque os "Homens da Luta" ganharam a eurovisão (ou lá como se chama o programa), com a canção "A luta é alegria" (youtube da mesma lá mais em baixo, para quem, como eu, não faz ideia do que é isto).
Curiosa, fui ouvir e até gostei. É alegre e festivaleira. Tem ritmo. A letra? Não prestei muita atenção porque, para mim, música é música e não palavras declamadas. Enfim. Mas vamos ao "cerne da questão": é ou não uma canção do PREC? É ou não uma canção de intervenção? Sei lá! Se é do PREC, pelo menos é melhor que a da gaivota (que mais serviria para canção de embalar de velhos e doentes), mas lá está, eu não serei a melhor pessoa a avaliar isso, já que no PREC não ouvia (ainda) música e, para dizer a verdade, não ouvia mesmo nada.
"A luta é alegria", assim como a canção dos Deolinda, ao contrário do que alguns pensam, não é o começo de nada. Não se iludam. Assim como a "Manif" de dia 12 também não será. São, elas próprias, o fim da "luta". Depois de a "geração parva" sair à rua com os Deolinda e votar nos Homens da Luta, sentirá que está cumprido o seu papel revolucionário e poderá continuar a votar, sem culpa, naqueles que nos trouxeram a esta "situação" e engrossar os 30% que, a acreditar nas sondagens, ainda dariam o voto ao PS. Porque já tiveram o seu momento de rebeldia, o seu momento de protesto. Acham que foram "bué radicais" e que o Sócrates até se importa, mas, na verdade, foram só parvos.
Curiosa, fui ouvir e até gostei. É alegre e festivaleira. Tem ritmo. A letra? Não prestei muita atenção porque, para mim, música é música e não palavras declamadas. Enfim. Mas vamos ao "cerne da questão": é ou não uma canção do PREC? É ou não uma canção de intervenção? Sei lá! Se é do PREC, pelo menos é melhor que a da gaivota (que mais serviria para canção de embalar de velhos e doentes), mas lá está, eu não serei a melhor pessoa a avaliar isso, já que no PREC não ouvia (ainda) música e, para dizer a verdade, não ouvia mesmo nada.
"A luta é alegria", assim como a canção dos Deolinda, ao contrário do que alguns pensam, não é o começo de nada. Não se iludam. Assim como a "Manif" de dia 12 também não será. São, elas próprias, o fim da "luta". Depois de a "geração parva" sair à rua com os Deolinda e votar nos Homens da Luta, sentirá que está cumprido o seu papel revolucionário e poderá continuar a votar, sem culpa, naqueles que nos trouxeram a esta "situação" e engrossar os 30% que, a acreditar nas sondagens, ainda dariam o voto ao PS. Porque já tiveram o seu momento de rebeldia, o seu momento de protesto. Acham que foram "bué radicais" e que o Sócrates até se importa, mas, na verdade, foram só parvos.
sábado, março 05, 2011
Villa Beatrice 3?
Adoro as cores. Adoro a banheira. Adoro a poltrona. Adoro o papel higiénico. Adoro o papel de parede. Adoro as bolas de espelhos no chão. Adoro o género "chaos meets bohemian".
Para quando o nosso "dia de raiva"?
Na Irlanda, país a ultrapassar uma profunda crise financeira e com o orgulho ferido pelo FMI, houve eleições a semana passada. O Fianna Fáil, partido do Governo que, bem ou mal, os eleitores entenderam ter conduzido a Irlanda à situação em que se encontra - apesar de também a ter levado aos píncaros do crescimento no início deste século, no que se chamava, então, "milagre irlandês" - foi duramente penalizado. E quando digo "duramente", não significa passar de 40% para 30%. Significa ficar reduzido a 20 deputados em 166 (17,5% dos votos) e ter elegido apenas 1 – sim, só 1 - dos 51 deputados eleitos por Dublin! Para além de terem reduzido um “triple A” eleitoral a “lixo” (usando a terminologia dos ratings) os irlandeses, tal como os Tunisinos, os Egípcios e os Líbios, fizeram o seu “dia de raiva” e expressaram-no pelo voto, numa afluência às urnas sem precedente.
E nós por cá, que também atravessamos uma gravíssima crise, que não é apenas financeira, mas é económica, social e é de vergonha, o que fazemos? As sondagens de fim de semana coincidem na vitória certa do PSD, sem maioria absoluta, e na consolidação do CDS como terceira força política. A abstenção continua firme nos 38% (ganha ao PSD); o PS não desce dos 30% (27% a acreditar na Aximagem) e os votos somados do PSD e do CDS ainda não chegam à maioria absoluta.
Vendo isto, pergunto-me: como é possível que o governo (muito em especial o Primeiro-Ministro) que nos conduziu a um buraco bem mais negro do que o buraco Irlandês, continue a aguentar-se nos 30% das intenções de voto? Ao contrário dos irlandeses nós não mergulhámos de cabeça, em 2008, numa crise absoluta vindos de crescimentos muito acima da média europeia. Portugal há 10 anos que não cresce (e desses 10 o Partido Socialista governou 8) e os próximos 10 já estão perdidos à conta do défice, da dívida e dos juros. E vendo isto os portugueses continuam adormecidos e desinteressados, desculpando-se com o clássico “para quê votar se eles são todos iguais”. O voto é a nossa arma, assim como a invasão das ruas é a arma daqueles que não têm voto. Como podemos fingir que não é nada connosco e continuar, calmamente, a ver Portugal a afundar-se (com ou sem FMI), sem qualquer perspectiva de crescimento ou de saída para a crise nacional, mesmo quando a CRISE – a internacional com a qual Sócrates se desculpa – passar?
Portugal precisa de acordar e fazer o seu dia de raiva pelo desgoverno, pela corrupção, pela mentira e pela vergonha. E nesse dia o PS terá que sair das urnas reduzido a “lixo”, tal como reduzido a “lixo” estará o rating da República não tarda – o das empresas públicas já foi -, se ele nos continuar a governar.
sexta-feira, março 04, 2011
Where a moment of beauty lasts forever
A Disney "renovou", em 2011, a parceria com a fotografa Annie Leibovitz publicando agora as novas fotografias da colecção "Disney Dream Portraits", que contam com a participação de Penelope Cruz, Jeff Bridges, Alec Baldwin, Olivia Wilde e Queen Latifah. Uma vez mais, as imagens não desiludem e recriam, de forma mágica, o universo fantástico da Disney. Como se diz pelo facebook, "like".
terça-feira, março 01, 2011
Gostar de Homens
Começou por ser o Mr. Darcy, o protótipo de todas as fantasias femininas inspiradas por Jane Austen. Repetiu o papel no clássico "austeniano" da era moderna, que dá pelo nome de Bridget Jones. Foi par romântico em comédias de sábado à tarde e mostrou que sabe cantar e que não fica mal em plumas e lantejoulas naquele que é o melhor remédio para a depressão e que dá pelo nome de Mamma Mia.
Porém foi como "um homem singular" que lhe ficámos a conhecer um talento invulgar, contido mas verdadeiro, austero mas inteiro. Como George VI, apenas o confirmou, conquistando uma estrela no passeio da fama e ganhando uma sucessão de prémios que diz serem "o momento mais alto da sua carreira".
Aos 50 anos, feitos em Setembro passado, está melhor do que nunca e comprova que, a alguns homens, a idade só faz bem. E é, também por isso, que gostamos dele.
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
The Man of the Match
Colin Firth, em Tom Ford, é a prova viva de que há homens a quem a idade só faz bem. Longe vão os tempos do sem graça Mr. Darcy. Long live the king!
RED CARPET - categoria "in RED we trust"
Anne Hathaway, Valentino
Sandra Bullock, Vera Wang
Jennifer Lawrence, Calvin Klein
Jennifer Hudson, Versace
And the Oscar goes to...
Ontem terá sido das primeiras vezes que não vi os Oscars por opção. Preferi uma boa noite de sono a uma cerimónia previsível. Pelos vistos acertei. Foi uma cerimónia sem surpresas que consagrou, e muito bem, o Discurso do Rei, o qual arrecadou 4 Oscars nas principais categorias (embora tenha faltado o mais do que merecido Oscar para Geoffrey Rush). Colin Firth teve, por fim, o reconhecimento, adiado desde o ano passado, quando chamou a atenção como um Homem Singular, pela mão de Tom Ford. Chega ao Oscar num papel menos polémico e mais exigente.
Mas, sem dúvida, o grande vencedor da noite é o Rei George VI, que foi muito mais do que um "Rei gago" que superou circunstâncias pessoais adversas. Embora tenha vivido à sombra de um irmão que encantava o mundo por ter abdicado da coroa por amor, à sombra de um Primeiro-Ministro que foi um "herói de guerra" e à sombra de uma rainha consorte apelidada, por Hitler, de "a mulher mais perigosa da Europa", teve, por fim, quase 60 anos depois da sua morte, uma homenagem, com bom gosto e humanidade, à boa maneira britânica.
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
A revolta dos desolé(e)s
A Desolândia, aka Prozac Nation (country previously known as Belgium), está há 256 dias sem governo. Os vários partidos não dão mostras de se entenderem e os cidadãos reagem com aquilo a que o Público chama "típico sentido de humor belga". Eu lamento dizer, baseada na minha experiência com "o belga", que não há tal coisa como o "típico sentido de humor belga". O que há é uma especial "belgian way of life" que se traduz numa sucessão de "desolé(e)s" em todas as dimensões da vida. O belga é desolé(e). Mais nada. Não é humor, não é revolta, não é tentar resolver o problema. É só desolé(e). Mais nada.
Pas de governement belge? Desolé(e)!
domingo, fevereiro 20, 2011
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